Tenho procurado notícias e artigos relacionados ao transplante de medula óssea para falcêmicos para poder escrever este post.
São poucas as notícias, a maior parte relacionada a transplantes já efetuados na Bahia ou estudos que estão sendo encaminhados não só para o transplante de medula óssea como para o transplante de células troncos hematopoiéticas.
Vou relacionar os artigos que li ao longo deste texto, para quem tiver interesse em lê-los e tirar suas próprias conclusões.
Em primeiro lugar vejo que existe uma ilusão de que o fato de fazer o transplante de medula ou de células tronco vai livrar o paciente de todas as medicações, exames, rotinas de visitas médicas. No caso de sucesso do transplante a vantagem é livrar-se das dores e das transfusões frequentes. Portanto, no meu ponto de vista, expor-se ao risco do transplante é opção para quem não obtém sucesso em outros tratamentos como o uso do hidroxiuréia e quelantes de ferro e tem sequelas severas derivadas da falciforme.
O procedimento também não é milagroso, podem ocorrer casos de rejeição do transplante e os cuidados pós transplante são intensos. Uso de máscaras, medicações para evitar a rejeição, cuidados para não pegar infecções (que incluem além do uso de máscaras, em alguns casos, o isolamento do paciente por até 100 dias), cuidados especiais com alimentação.
O que eu estou tentando dizer é que, a meu ver, neste momento o TMO (transplante de medula óssea) ou TCTH (transplante de células tronco hematopoiéticas) é indicado para pacientes muito específicos de anemia falciforme.
A Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, em um novo consenso estabelecido em 2009, determinou alguns fatores para indicação do transplante para falcêmicos (o consenso anterior, em 2005, havia excluído a indicação de TMO para falcêmicos):
- crises vaso-oclusivas recorrentes e/ou priapismo - pelo menos dois episódios após o início de um programa de transfusão crônica e uso de hidroxiuréia por 6 meses sem resposta ou com contra indicação para o uso da mesma.
- presença de vasculopatia cerebral (AVC), requerendo programa de transfusão crônica
- presença de anormalidade angiográfica (Estenoses, oclusões cardíacas)
- doença pulmonar Falciforme de graus I e II
- Nefropatia falciforme (rins)
A SBTMO ainda reafirmou a rigorosa seleção dos pacientes levando-se em consideração todas as condições de risco: laboratoriais, sociais e econômicas.
http://www.cehmob.org.br/simposio/imagens/download/palestras/SIMOES_PBelinda.pdf
Precisamos ainda levar em consideração que os transplantes, tanto de medula quando os de células tronco, necessitam de um fator de combinação, ou seja, doadores compatíveis, e em todos os estudos, menciona-se o transplante de doadores com HLA idênticos, uma chance que ocorre em 25% entre irmãos. No caso de portadores de falciforme, só poderiam ser considerados doadores os irmãos não portadores (saudáveis). Meu caso, por exemplo, a chance seria zero, pois tenho um único irmão também portador de falciforme. Nestes casos, a busca é por doadores não aparentados, ou aparentados mais distantes como tios, primos, avós, o que reduz muito a chance de HLA idênticos (a literatura científica menciona o número entre 1 para cada 250.000 a 1 para cada 1 milhão).
Para se ter idéia como o procedimento de transplante de células tronco ainda está no início no Brasil, até agosto de 2008 os transplantados se resumiam a sete pacientes, sendo que um deles faleceu (era portador de doença de hodgkin e teve rejeição- doença do enxerto contra hospedeiro), outro teve a doença do enxerto contra hospedeiro controlada, dois tiveram recorrência da anemia falciforme (rejeição do transplante) e dois não apresentaram mais sintomas da falciforme. (Faltou a informação de um paciente...falha do artigo)
Reproduzo aqui a conclusão do artigo, que eu acho mais importante:
"O único tratamento curativo para pacientes com doença falciforme é o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Transplantes mieloablativos com doador HLA idêntico proporcionam uma sobrevida livre de doença de 80%-85% em pacientes com doença avançada e grave. Os transplantes não-mieloablativos têm toxicidade relacionada ao tratamento menor quando comparados aos mieloablativos, porém cursam com maior índice de rejeição do enxerto e recidiva da doença.
Os transplantes não-relacionados e com sangue do cordão umbilical podem ser uma alternativa para pacientes gravemente acometidos e que não disponham de doador relacionado. Enquanto não se definirem os fatores de risco para uma evolução mais grave da doença, e a ausência de trabalhos prospectivos e randomizados comparando hidroxiuréia, transfusão crônica e transplante de medula óssea, o tratamento ainda é individualizado e as decisões devem ser compartilhadas com os pacientes e familiares quanto à preferência por determinada terapêutica."
http://www.portaleducacao.com.br/medicina/artigos/5853/transplante-de-celulas-tronco-hematopoeticas-tcth-em-doencas-falciformes
O que podemos concluir é que sim o transplante é a esperança mais próxima de cura definitiva da anemia falciforme, apesar de ainda estar no início dos estudos e de ainda ser alvo de discussões prós e contra. O processo ainda está sendo desenvolvido, e as perspectivas são otimistas.
Como não tenho muito conhecimento da área de transplantes, peço por gentileza que os leitores e especialistas que lerem este post, me corrijam se cometi algum erro no que aqui escrevi.
Tirando os termos médicos, o que eu quis passar neste post é que o transplante ainda é a maior esperança de dias melhores para os falcêmicos!
Estamos atentos aos avanços!!!!
São poucas as notícias, a maior parte relacionada a transplantes já efetuados na Bahia ou estudos que estão sendo encaminhados não só para o transplante de medula óssea como para o transplante de células troncos hematopoiéticas.
Vou relacionar os artigos que li ao longo deste texto, para quem tiver interesse em lê-los e tirar suas próprias conclusões.
Em primeiro lugar vejo que existe uma ilusão de que o fato de fazer o transplante de medula ou de células tronco vai livrar o paciente de todas as medicações, exames, rotinas de visitas médicas. No caso de sucesso do transplante a vantagem é livrar-se das dores e das transfusões frequentes. Portanto, no meu ponto de vista, expor-se ao risco do transplante é opção para quem não obtém sucesso em outros tratamentos como o uso do hidroxiuréia e quelantes de ferro e tem sequelas severas derivadas da falciforme.
O procedimento também não é milagroso, podem ocorrer casos de rejeição do transplante e os cuidados pós transplante são intensos. Uso de máscaras, medicações para evitar a rejeição, cuidados para não pegar infecções (que incluem além do uso de máscaras, em alguns casos, o isolamento do paciente por até 100 dias), cuidados especiais com alimentação.
O que eu estou tentando dizer é que, a meu ver, neste momento o TMO (transplante de medula óssea) ou TCTH (transplante de células tronco hematopoiéticas) é indicado para pacientes muito específicos de anemia falciforme.
A Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, em um novo consenso estabelecido em 2009, determinou alguns fatores para indicação do transplante para falcêmicos (o consenso anterior, em 2005, havia excluído a indicação de TMO para falcêmicos):
- crises vaso-oclusivas recorrentes e/ou priapismo - pelo menos dois episódios após o início de um programa de transfusão crônica e uso de hidroxiuréia por 6 meses sem resposta ou com contra indicação para o uso da mesma.
- presença de vasculopatia cerebral (AVC), requerendo programa de transfusão crônica
- presença de anormalidade angiográfica (Estenoses, oclusões cardíacas)
- doença pulmonar Falciforme de graus I e II
- Nefropatia falciforme (rins)
A SBTMO ainda reafirmou a rigorosa seleção dos pacientes levando-se em consideração todas as condições de risco: laboratoriais, sociais e econômicas.
http://www.cehmob.org.br/simposio/imagens/download/palestras/SIMOES_PBelinda.pdf
Precisamos ainda levar em consideração que os transplantes, tanto de medula quando os de células tronco, necessitam de um fator de combinação, ou seja, doadores compatíveis, e em todos os estudos, menciona-se o transplante de doadores com HLA idênticos, uma chance que ocorre em 25% entre irmãos. No caso de portadores de falciforme, só poderiam ser considerados doadores os irmãos não portadores (saudáveis). Meu caso, por exemplo, a chance seria zero, pois tenho um único irmão também portador de falciforme. Nestes casos, a busca é por doadores não aparentados, ou aparentados mais distantes como tios, primos, avós, o que reduz muito a chance de HLA idênticos (a literatura científica menciona o número entre 1 para cada 250.000 a 1 para cada 1 milhão).
Para se ter idéia como o procedimento de transplante de células tronco ainda está no início no Brasil, até agosto de 2008 os transplantados se resumiam a sete pacientes, sendo que um deles faleceu (era portador de doença de hodgkin e teve rejeição- doença do enxerto contra hospedeiro), outro teve a doença do enxerto contra hospedeiro controlada, dois tiveram recorrência da anemia falciforme (rejeição do transplante) e dois não apresentaram mais sintomas da falciforme. (Faltou a informação de um paciente...falha do artigo)
Reproduzo aqui a conclusão do artigo, que eu acho mais importante:
"O único tratamento curativo para pacientes com doença falciforme é o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Transplantes mieloablativos com doador HLA idêntico proporcionam uma sobrevida livre de doença de 80%-85% em pacientes com doença avançada e grave. Os transplantes não-mieloablativos têm toxicidade relacionada ao tratamento menor quando comparados aos mieloablativos, porém cursam com maior índice de rejeição do enxerto e recidiva da doença.
Os transplantes não-relacionados e com sangue do cordão umbilical podem ser uma alternativa para pacientes gravemente acometidos e que não disponham de doador relacionado. Enquanto não se definirem os fatores de risco para uma evolução mais grave da doença, e a ausência de trabalhos prospectivos e randomizados comparando hidroxiuréia, transfusão crônica e transplante de medula óssea, o tratamento ainda é individualizado e as decisões devem ser compartilhadas com os pacientes e familiares quanto à preferência por determinada terapêutica."
http://www.portaleducacao.com.br/medicina/artigos/5853/transplante-de-celulas-tronco-hematopoeticas-tcth-em-doencas-falciformes
O que podemos concluir é que sim o transplante é a esperança mais próxima de cura definitiva da anemia falciforme, apesar de ainda estar no início dos estudos e de ainda ser alvo de discussões prós e contra. O processo ainda está sendo desenvolvido, e as perspectivas são otimistas.
Como não tenho muito conhecimento da área de transplantes, peço por gentileza que os leitores e especialistas que lerem este post, me corrijam se cometi algum erro no que aqui escrevi.
Tirando os termos médicos, o que eu quis passar neste post é que o transplante ainda é a maior esperança de dias melhores para os falcêmicos!
Estamos atentos aos avanços!!!!